Biscoito de polvilho crocante: receita tradicional

Introdução

Clássico das mesas mineiras que se espalhou pelo Brasil, o biscoito de polvilho é leve, aerado e surpreendentemente simples. Nesta receita, você aprende a versão assada e a frita (peta), entende a diferença entre polvilho doce e azedo e descobre truques para manter a crocância por dias. É o companheiro perfeito para um café coado, um chá da tarde ou para beliscar sem culpa.

O que é e por que dá tão certo

O biscoito de polvilho nasce da magia do amido de mandioca: quando escaldamos o polvilho (hidratamos com líquido quente e óleo), parte do amido gelatiniza e cria a estrutura que, no forno ou no óleo quente, se expande com o vapor, formando a famosa textura leve, com casquinha crocante e interior cheio de bolhinhas.

Polvilho doce vs. polvilho azedo

  • Polvilho azedo: é fermentado, expande mais e resulta em crocância intensa e miolo bem aerado. Ideal para quem gosta daquele “quebra-quebra” que esfarela na mordida.
  • Polvilho doce: não é fermentado; oferece uma mordida mais delicada e ligeiramente elástica, com sabor mais neutro.
  • Mistura que funciona: 50% azedo + 50% doce equilibra expansão e delicadeza, facilitando o ponto da massa para modelar e assar.

Nomes regionais: avoador, peta e biscoito de vento

Os apelidos traduzem o afeto e a diversidade do Brasil. “Peta” é um dos nomes mais difundidos no interior; “avoador” remete ao jeito leve de “voar” na boca; “biscoito de vento” destaca a aparência oca e aerada. Os nomes variam por estado e até de família para família — em muitos lugares, a versão frita é automaticamente chamada de peta.

Ingredientes e utensílios essenciais

Lista de compras (versão assada, base)

  • 500 g de polvilho (preferência: 250 g azedo + 250 g doce; só azedo para crocância máxima)
  • 250 ml de água
  • 150 ml de leite (substituível por água para versão sem leite)
  • 120 ml de óleo vegetal
  • 5 g (1 colher de chá rasa) de sal
  • 2 ovos (opcional; dão estrutura e cor)
  • 50 g de queijo curado ralado fino (opcional; meia-cura, canastra, parmesão)

Para temperar/variar: páprica doce, pimenta-do-reino, lemon pepper, orégano, alecrim; para versão doce, açúcar e canela.

Utensílios

  • Panela pequena (para aquecer líquidos)
  • Tigela grande resistente ao calor e colher de pau
  • Saco de confeitar (bico grande) ou saquinho com a ponta cortada
  • Assadeira levemente untada ou com papel manteiga
  • Termômetro de forno/óleo (opcional, ajuda muito)
  • Grade/escorredor para esfriar

A base da receita: proporções que funcionam

  • Relação polvilho x líquidos: para 500 g de polvilho, use cerca de 370–420 ml de líquidos no total (água + leite + óleo). O óleo entra nessa conta e é essencial para a textura.
  • Versão assada (base indicada acima): 500 g polvilho, 250 ml água, 150 ml leite, 120 ml óleo, 5 g sal, 0–2 ovos, 0–50 g queijo.
  • Ponto da massa: após escaldar, a massa começa granulosa; com a incorporação dos ovos (se usar) e ajustes de líquido, deve ficar lisa, brilhante, maleável e firme o suficiente para manter o formato extrudado.

Substituições e versões

  • Sem leite: troque o leite por água na mesma quantidade.
  • Sem ovo: omita e ajuste o ponto com água quente, 1 colher de sopa por vez, até a massa ficar macia, porém sustentada.
  • Com queijo: 30–80 g de queijo curado ralado fino na massa elevam o sabor e a cor.
  • Assado vs. frito: assado dá leveza e limpeza de sabor; frito (peta) é mais explosivo em expansão e tem mordida supercrocante. A massa da fritura pode ser ligeiramente mais macia para inflar bem.

Passo a passo do biscoito assado

Escaldar o polvilho: o pulo do gato

  1. Misture o polvilho e o sal na tigela.
  2. Leve à panela a água, o leite e o óleo. Aqueça até abrir fervura.
  3. Despeje de uma vez, bem quente, sobre o polvilho, mexendo vigorosamente com colher de pau até virar uma farofa úmida homogênea. Essa etapa “ativa” o amido e garante bolhas internas estáveis.
  4. Deixe amornar 5–10 minutos.

Modelagem e forno

  1. Incorpore os ovos, um a um (se usar), mexendo até obter massa lisa e brilhante. Sem ovos, ajuste com 1–3 colheres de sopa de água quente, se necessário.
  2. Se quiser, misture o queijo e/ou temperos secos.
  3. Coloque a massa em saco de confeitar (bico 12–18) ou num saco resistente com a ponta cortada.
  4. Modele em assadeira levemente untada: argolas, bastões ou “S”. Mantenha espaço entre eles para expandir.
  5. Asse em forno preaquecido a 180–200 ºC por 20–30 minutos, até firmes, secos ao toque e levemente dourados nas bordas. Evite abrir o forno nos primeiros 15 minutos.
  6. Transfira para uma grade e deixe esfriar: ficam ainda mais crocantes ao perder o calor.

Rendimento e tempo

  • Rende: cerca de 35–45 biscoitos médios (a depender do formato).
  • Tempo total: 45–60 minutos (10 de preparo + 20–30 de forno + descanso).

Versão frita (peta) e variações de sabor

Fritura sem segredos

Massa-base para peta

  • 500 g de polvilho azedo
  • 300 ml de água
  • 100–120 ml de óleo
  • 5 g de sal
  • 0–1 ovo (opcional)
  1. Escalde o polvilho com a água e o óleo ferventes, como na versão assada. Deixe amornar.
  2. Ajuste o ponto: a massa deve ficar macia, moldável e ligeiramente mais úmida que a do forno (para expandir bem). Incorpore 1 ovo, se quiser mais leveza.
  3. Aqueça óleo abundante a 170–180 ºC (use panela funda, óleo a pelo menos 4 cm de altura).
  4. Modele bastõezinhos curtos diretamente sobre o óleo, usando colher ou saco de confeitar, e frite em pequenas porções. Eles vão inflar e virar, dourando levemente.
  5. Retire com escumadeira e escorra em grade ou papel-toalha. Segurança: óleo e água não combinam; mantenha utensílios secos e crianças afastadas.

Sabores: queijo, pimenta, ervas e doce

  • Queijo: 30–60 g de queijo curado ralado na massa.
  • Pimenta e especiarias: pimenta-do-reino, páprica doce/defumada, cúrcuma, cominho.
  • Ervas: orégano, alecrim bem picado ou ervas secas a gosto.
  • Doce: polvilhe açúcar com canela nos biscoitos ainda mornos (versão frita fica especialmente boa).

Conservação e solução de problemas

Como armazenar e re-crocantizar

  • Pote hermético bem fechado, em local seco e fresco. Dura 5–7 dias crocante.
  • Truque anti-umidade: um sachê alimentar de sílica ou um saquinho de tecido com arroz cru dentro do pote.
  • Re-crocantizar: 150 ºC por 5–8 minutos no forno; deixe esfriar na grade para ficar sequinho.

Erros frequentes e ajustes

  • Massa dura/esfarelando: faltou líquido ou escaldou pouco. Corrija com água quente, 1 colher de sopa por vez.
  • Biscoito murcho: forno frio, abertura prematura da porta ou umidade excessiva na massa. Preaqueça bem e evite abrir nos primeiros minutos.
  • Estouro na fritura: óleo muito quente ou massa com bolhas de ar grandes. Trabalhe a 170–180 ºC e modele peças menores.
  • Biscoito gorduroso: óleo frio. Aqueça até temperatura correta e frite em poucas unidades.
  • Pouca expansão: polvilho velho ou só doce. Use azedo (ou misture) e verifique a validade.

Dicas e variações finais

  • Para um aroma lácteo suave, substitua parte da água por leite mesmo na peta.
  • Quer formato impecável? Use bico de confeitar grosso e movimentos firmes para argolas simétricas.
  • Queijo na medida: queijos muito úmidos podem pesar a massa; prefira curados e rale fino.

Conte nos comentários se você é do time assado ou frito e quais variações de sabor já testou. Salve e compartilhe com quem ama café com biscoito crocante!

Get our best recipes & expert tips right into your inbox!

Join over 10k subscribers

By submitting above, you agree to our privacy policy.
Tags:
Share this post:

Deixe um comentário