O quindim é daquelas sobremesas que conquistam no primeiro olhar: amarelo intenso, superfície espelhada e textura sedosa. Aqui, você vai aprender a técnica sem mistérios — peneirar gemas, acertar o banho-maria e identificar o ponto certo — para um resultado perfeito, seja nas forminhas individuais ou no quindão de festa.
Quindim: origem, cultura e encanto
Da doçaria conventual ao Brasil
A base de gemas é um legado da doçaria portuguesa, nascida nos conventos, onde claras eram usadas em tarefas domésticas e as gemas viravam doces. No Brasil açucareiro do Nordeste, a receita abraçou o coco — ingrediente trazido e difundido pelas mãos africanas — criando um clássico luso-afro-brasileiro.
Quindim x quindão
Quindim são as porções individuais, assadas em forminhas e servidas em bocados. O quindão usa forma maior (geralmente com furo), rende para a família toda e é servido em fatias. A massa é a mesma; muda o tempo de forno e a apresentação.
Lista de compras
Base (para 12–16 quindins OU 1 quindão de 20 cm):
- 12 gemas (cerca de 240 g)
- 1 e 1/2 xícara (300 g) de açúcar
- 1 e 1/2 xícara (150 g) de coco ralado fresco fino
- OU 1 xícara (80 g) de coco seco fino + 1/2 xícara (120 ml) de leite de coco para hidratar
- 2 colheres de sopa (28 g) de manteiga sem sal, derretida e fria
- 1 pitada de sal
- 1 colher de chá de extrato de baunilha (opcional)
Para as formas:
- Manteiga para untar
- Açúcar cristal para polvilhar (garante a “capa” brilhante)
Ingredientes: função e substituições seguras
Gemas: dão cor, estrutura cremosa e brilho. Peneirar sem mexer demais evita bolhas e cheiro forte.
Açúcar: além da doçura, forma a camada espelhada quando em contato com a manteiga na forma. Prefira cristal para a superfície brilhante.
Coco: fornece corpo e umidade. Quanto mais fino e úmido, mais sedosa a textura.
Manteiga: confere maciez e “derretimento” na boca; em excesso, pode opacar.
Leite de coco: hidrata e realça sabor; use sobretudo se optar por coco seco.
Coco fresco vs. seco
- Coco fresco: mais úmido, dá quindim cremoso e liso. Rale no fino para evitar granulosidade.
- Coco seco: mais concentrado e seco; hidrate com leite de coco quente por 15 minutos para recuperar a maciez. Resultado ligeiramente mais firme, porém muito saboroso.
Açúcar e manteiga na medida
- Açúcar: 300 g equilibram doçura e estrutura. Reduções podem prejudicar a camada brilhante.
- Manteiga: 28 g é o suficiente para maciez sem “soltar óleo”. Se desejar um brilho ainda mais limpo, use manteiga clarificada para untar as formas.
Técnica-chave: brilho, textura e banho-maria
O acabamento perfeito nasce de três cuidados: formas bem preparadas, gemas peneiradas sem espumar e banho-maria estável.
Forma bem preparada = brilho
Unte generosamente o fundo e as laterais com manteiga. Polvilhe açúcar cristal até cobrir (descarte o excesso). Essa película carameliza no forno e cria o espelho característico, além de facilitar na hora de desenformar.
Banho-maria sem sustos
Use assadeira funda. Posicione as forminhas (ou a forma do quindão) e despeje água quente ao redor até metade da altura. Cubra as forminhas/forma com papel-alumínio no início do cozimento para evitar calor direto e porosidade. Mantenha o forno a 180 °C: acima disso, o doce pode talhar ou ficar opaco.
Passo a passo: do forno à mesa
Misturar sem bater e descansar
- Prepare as formas: unte com manteiga e polvilhe açúcar cristal. Reserve.
- Hidrate o coco seco, se for usar: aqueça o leite de coco, misture ao coco e deixe repousar 15 minutos.
- Peneire as gemas: coloque-as numa peneira fina e deixe escorrer naturalmente para uma tigela, sem mexer com colher. Descarte a película.
- Junte o açúcar às gemas e misture delicadamente com espátula, só até incorporar. Nada de bater.
- Acrescente o coco (fresco ou hidratado), a manteiga derretida fria, o sal e a baunilha. Mexa suave até homogeneizar.
- Descanse a massa por 10–15 minutos. Esse tempo reduz bolhas e ajuda o coco a decantar, formando a clássica camada lisa no topo.
Temperatura e ponto ideal
- Preaqueça o forno a 180 °C. Distribua a massa nas forminhas ou despeje na forma de quindão.
- Leve em banho-maria com água quente. Cubra com alumínio (sem apertar).
- Quindins: asse por 30–40 minutos. Retire o alumínio nos últimos 5–10 minutos para fixar o brilho.
- Quindão: 50–60 minutos, retirando o alumínio nos 10–15 minutos finais.
Ponto certo: centro levemente firme com tremidinha sutil; a superfície estará úmida e brilhante.
- Retire do banho-maria e deixe amornar. Leve à geladeira por 1–2 horas antes de desenformar para firmar sem ressecar.
Rendimento e tempo
- Rendimento: 12–16 quindins (forminhas de 6–7 cm) ou 1 quindão de 20 cm (com furo).
- Tempo total: 25 min de preparo + 30–60 min de forno + descanso/geladeira.
Dicas de sucesso e solução de problemas
Quindim perfeito
- Opaco: forno alto ou calor direto. Mantenha 180 °C e cubra com alumínio no início.
- Talhado: superaquecimento. Garanta água quente no banho-maria e nunca deixe secar.
- Esponjoso/com buracos: mistura batida demais. Mexa só para incorporar e deixe a massa descansar.
- Sem brilho: formas mal preparadas. Capriche na camada de manteiga + açúcar cristal.
- Seco: passou do ponto. Tire quando o centro ainda treme levemente.
Desenformar e armazenar
- Desenforme morno para frio. Passe uma faquinha nas bordas, mova delicadamente e desenforme sobre prato úmido.
- Gelar por 1–2 horas ajuda a soltar a calda e manter o brilho.
- Conserve refrigerado, bem fechado, por até 3 dias. O brilho se mantém melhor se desenformar no dia de servir.
Dicas e variações
- Cítrico: raspinhas de limão ou laranja na massa.
- Baunilha/cumaru: aromatizam sem interferir no brilho.
- Maracujá: sirva com calda azedinha por cima do quindão.
- Coco tostado: polvilhe um pouco no prato ao servir para contraste.
- Para vender: padronize peso (40–50 g por unidade), use forminhas antiaderentes e etiquetas com validade de 3 dias refrigerado.
Curtiu as dicas? Salve este guia e conte nos comentários como ficou o seu quindim — e se prefere as forminhas ou o quindão!




